4/09/2008

Guiné 1966: Um amor e uma tabanca

Eu com 22 anos e a Heather com 18 acabados de fazer e sem falar uma palavra de português, enfrentámos durante cerca de 2 anos um clima implacável (quente e húmido), uma guerra estúpida e tremendamente sangrenta, doenças tropicais medonhas e uma disciplina militar intolerável, ministrada por oficiais e sargentos corruptos, incompetentes e desonestos (dos que, mais tarde vieram a fazer o 25 de Abril). Eu fui um simples alferes miliciano, um civil fardado contra a sua vontade e violentado nas suas convicções.

Sobrevivemos inteiros e saímos reforçados no nosso relacionamento. Mas, infelizmente, perdemos a inocência. Ninguém pode atravessar o inferno sem se queimar.

2 comentários:

Santos Oliveira disse...

Há males que acabam em bem e dos quais colhemos muitos benefícios.
É certo que perdeste a inocência; mas acabaste, pelos teus meios, de te formar Homem, saber fazer a destrinça entre o mal e o bem, conhecer as pessoas e o seu carácter, enfim, dominar o mundo que te rodeia, sem as tragédias que acabam por abalar os incautos pelo efeito de surpresa e demais imponderáveis.
Há, mesmo assim, uma quantidade de outros acontecimentos (demasiados, até) que não podemos dominar, mas que a fé nos segura pelas pontas da esperança e o grande (imenso) sentido de sobrevivência que ganhamos com as dificuldades que só nós vivemos.
Abraços, do
santos OLiveira

Zeca do Rock disse...

Nada que acontece durante a nossa vida chega até nós por acaso. São lições que precisamos aprender para nos formarmos no grande curso que é a EXISTÊNCIA e progredirmos na escala evolutiva - se quisermos. É assim a grande, inexorável mas maravilhosa Lei do Karma.

Abraços,

Zeca