Nos anos de 1963/1964 eu era frequentemente convidado para festas em casas de gente rica. Festas onde se esbanjava sem o menor pudor tudo aquilo que faltava na mesa dos pobres. Uma noite, regressado a minha casa depois de uma dessas festanças, sentei-me e escrevi esta música. A partir daí passou a fazer parte do meu repertório habitual e cantei-a em todos os lugares, inclusive nas casas dos tais ricaços, que insinuavam sorrisos amarelentos mas aplaudiam a contragosto. É uma das minhas muitas canções de intervenção social e cheguei a ser detido para interrogatórios após a sua execução pública. A minha resposta era sempre de que se tratava de uma música de divulgação dos princípios cristãos. Ponto final!
No Curso de Oficiais Milicianos (COM) de Mafra 1965, a Balada da Fome virou um verdadeiro hino, cantado em uníssono pelos 1.800 cadetes que o integravam. Na festa de final do curso efetuada a seguir ao juramento de bandeira e outras mascaradas militares, cantei-a na frente de todos os representantes do poder instituído que estvam ali presentes, inclusive as madames do Movimento Nacional Feminino. Pensei que iria direto dali para o xilindró, mas como a esmagadora maioria dos cadetes resolveu cantar o refrão comigo, teria sido necessário engavetar 1.800 pessoas - o que os calabouços da PIDE não comportavam...
NOTA: Estas gravações domésticas são como rascunhos. Feitas em gravador de cassettes, sem recursos de espécie alguma, destinam-se unicamente a figurar como fichas num arquivo de memórias.
7/18/2008
Balada da Fome [Ouvir/Baixar] - Gravações domésticas
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